O Poder Público é o maior comprador do Brasil. De acordo com o Portal Nacional de Contratações Públicas, em 2024, o total estimado em compras foi de R$ 1,67 trilhão. Isso equivale a 16% do Produto Interno Bruto do país. Os dados foram apresentados por Giselle Floriano Coelho, servidora no Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos e assessora técnica na Comissão Interministerial para Compras Públicas Sustentáveis, na tarde desta quinta-feira (5/6), no Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC).
Ela participou do evento “O TCE/SC como indutor de políticas públicas sustentáveis”. A iniciativa celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente. Giselle Coelho destacou como o poder de contratação do Estado pode ser usado para o desenvolvimento inclusivo e sustentável no Brasil e citou algumas ações já previstas em normativas.
Um exemplo são as margens de preferência. O artigo 26 da Nova Lei de Licitações (Lei n. 14.133/2021) privilegia a contratação de bens e serviços produzidos no Brasil, de modo a fomentar a geração de emprego, renda e inovação. Ele garante preferência para a aquisição de produtos nacionais, desde que o preço não seja mais do que 10% superior ao menor preço do importado.
A lei também oferece a mesma condição para bens reciclados, recicláveis ou biodegradáveis em relação a bens que não têm essas características. No caso de produtos ou serviços decorrentes de desenvolvimento tecnológico ocorrido no país, a margem de preferência é de até 20%.
A palestrante também citou o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que atualmente fornece refeições para 44 milhões de estudantes e prevê:
- que 30% dos alimentos adquiridos venham da agricultura familiar;
- uma margem de preferência de 30% para produtos orgânicos em todas as compras do programa; e
- que pelo menos 50% do valor das compras de famílias rurais seja adquirido de mulheres.
Ela sugeriu o Guia Nacional de Contratações Sustentáveis da Advocacia-Geral da União como referência aos gestores e servidores públicos que atuam com compras.
Giselle Coelho falou ainda do Contrata+Brasil, uma plataforma de oportunidades de negócios do governo brasileiro que conecta compradores públicos da União, estados e municípios e microempreendedores individuais (MEIs) em todo o país, para ampliar as possibilidades de negócios locais e gerar mais emprego e renda. Além disso, ela agiliza o atendimento da demanda. A contratação de pequenos reparos pela plataforma leva em torno de 5 dias. Por meio de pregão, pode levar até seis meses.
Ela informou que o Tribunal de Contas da União já aderiu à plataforma. A coordenadora da Comissão ASG (Ambiental, Social e Governança) do TCE/SC, Marina Ferraz de Miranda, disse que a Instituição catarinense também está estudando a adesão.
“O setor público tem a oportunidade — e o dever — de liderar pelo exemplo. Como órgão de controle e orientação, o TCE/SC tem um papel estratégico: induzir boas práticas, avaliar políticas públicas sob a ótica da sustentabilidade e estimular a transparência ambiental. Isso significa, por exemplo, incorporar critérios ambientais nas auditorias e nas licitações, fomentar a adoção de indicadores de desempenho sustentável e promover capacitações que fortaleçam a cultura da sustentabilidade na administração pública”, disse o vice-presidente do Tribunal de Contas de Santa Catarina, conselheiro José Nei Ascari, na abertura do evento. Ascari é relator no TCE/SC dos processos relacionados a meio ambiente.
Além do público interno do TCE/SC e de integrantes de comissões de sustentabilidade de órgãos parceiros (Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa, Defensoria Pública e Controladoria-Geral do Estado), também prestigiaram o evento o promotor de Justiça do Ministério Público de Santa Catarina, Luiz Fernando Góes Ulysséa, com atuação na área do meio ambiente, e o subdefensor público-geral de Santa Catarina, Thiago Burlani Neves.
O segundo palestrante do evento foi Marcos Romero Fogaça, gerente de Projetos e responsável técnico da empresa Ambitus. A Ambitus Consultoria Ambiental foi contratada para elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) do TCE/SC.
Marcos Fogaça fez um relato do diagnóstico realizado em outubro de 2024 para nortear a elaboração do PGRS. Na primeira semana do levantamento, por exemplo, foram contabilizados 125 quilos de resíduos recicláveis e 359 quilos de não recicláveis. E, ainda, 150 quilos de resíduos misturados oriundos das lixeiras individuais.
Ações para diminuir a alta destinação de rejeitos ao aterro sanitário já estão sendo implantadas em alguns setores, que passaram a contar, por exemplo, com lixeiras específicas para os diferentes tipos de resíduos. Nesses locais também foram retiradas as lixeiras individuais que ficavam ao lado de algumas mesas de trabalho. A execução do PGRS está sendo acompanhada pela Diretoria-Geral de Administração, a Coordenadoria de Engenharia, Infraestrutura e Transporte e pela empresa Ambitus, além da Comissão ASG.
A Gestão de Resíduos é um dos oito temas principais do Plano de Logística Sustentável (PLS) do TCE/SC, aprovado pela Resolução N. TC-270/2024.
Reduzir a geração de resíduos sólidos e melhorar a gestão, com uma destinação adequada, são ações que estão em acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) números 12 e 13 da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU):
12. Consumo e produção responsáveis
13. Ação contra a mudança global do clima
O conselheiro José Nei Ascari declarou que o PLS convida o público do TCE/SC a repensar rotinas, rever processos e adotar práticas que minimizem os impactos ambientais das nossas atividades. Isso inclui:
redução do consumo de papel e digitalização de processos;
eficiência energética e uso racional da água;
gestão adequada de resíduos;
mobilidade sustentável; e
contratação de bens e serviços com critérios ambientais.
“Mas, para além das normas e dos planos, é fundamental que cada um de nós — servidores, gestores, cidadãos — assuma sua parcela de responsabilidade. A sustentabilidade começa com atitudes individuais: desligar uma luz, evitar o desperdício, repensar hábitos de consumo, valorizar o transporte coletivo, apoiar iniciativas locais. Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, convido todos a refletirem: que legado queremos deixar? Que tipo de mundo estamos construindo com nossas escolhas diárias?”, refletiu o conselheiro Jose Nei Ascari.
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