O Laboratório de Obras Rodoviárias do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) já fiscalizou neste ano ao menos R$ 500 milhões em contratos envolvendo 24 unidades gestoras, entre prefeituras e governo do Estado. O balanço mais recente das atividades apurou possível superfaturamento de R$ 3,2 milhões nas obras visitadas. A análise dos pavimentos de 25 contratos revelou que 18 obras apresentavam qualidade inferior do que estava previsto em contrato, que em 16 havia ausência ou controle deficiente da qualidade e que em 14 os serviços estavam em desacordo com o projeto de engenharia. Todos estes casos referem-se a contratos de obras municipais. Duas obras estaduais, entre elas a rodovia SC 401, estão em análise.
Após o laboratório identificar os problemas, e o TCE/SC ter feito alerta aos executores dos contratos, 10 das unidades gestoras e empresas contratadas fizeram as correções de medições e melhorias nos controles de qualidade, chegando a um total de R$ 1,1 milhão em valores recuperados – ainda há processos em andamento para a recuperação de cerca de R$ 1,3 milhão. Há um processo em andamento no Tribunal sobre a qualidade deficiente dos pavimentos e uma cautelar vigente suspendendo o pagamento à empreiteira também por qualidade deficiente da obra.
“Em pleno funcionamento e passando por constantes processos de aprimoramento, o laboratório se tornou um instrumento fundamental para o avanço das auditorias do TCE/SC. Métodos modernos e uso de equipamentos atualizados possibilitam análises mais aprofundadas da execução dos serviços, identificando eventuais falhas e promovendo correções ainda durante a realização das obras”, explica o diretor de Licitações e Contratações (DLC), Rogério Loch.
Ele explica que o funcionamento contínuo do laboratório permite não apenas a recuperação de recursos públicos pagos indevidamente, mas também a elevação dos padrões de qualidade nas pavimentações, beneficiando diretamente motoristas e pedestres. “Com o aumento no número de auditorias e a utilização do procedimento de acompanhamento, conseguimos retornar aos locais das obras já inspecionadas, o que amplia o controle, assegura transparência, fortalece a governança das contratações em infraestrutura e se consolida como peça-chave para a entrega de vias mais seguras e eficientes à população catarinense”, conclui.
Há pelo menos mais três saídas a campo da unidade móvel já programadas. Nesta quinta-feira, foram retiradas amostras das obras em andamento na SC-401, em Florianópolis. A análise do material faz parte do acompanhamento do processo ACO 25/80006863, que trata do aumento da capacidade de tráfego na rodovia, num trecho com 10 quilômetros de extensão.
Em maio deste ano, o laboratório ampliou a atuação para além da análise de amostras de pavimentação. Obras de repavimentação feitas após a instalação de tubos de gás, água ou esgoto também passaram a ser incluídas no rol de avaliações para averiguar se o reparo foi feito de acordo com normas-padrão de engenharia.
O objetivo dessa ampliação do escopo do laboratório foi garantir que esses serviços sejam executados conforme as normas estabelecidas nos contratos e que permitam que o tráfego no local possa fluir da maneira desejada, uma vez que um ponto usual na repavimentação de ruas é a qualidade do reparo ficar aquém da pavimentação original.
A primeira fiscalização do TCE/SC com esta nova diretriz ocorreu em agosto, em Balneário Piçarras, no Litoral Norte do Estado, em obras de ampliação do sistema de esgoto na área central da cidade.
Desde abril, a equipe técnica do TCE/SC vem fazendo a coleta e análise de material de pavimentação em uma unidade móvel mais equipada. O novo veículo é mais preparado que o anterior e pode realizar análises de material já no local.
O novo furgão tem uma área operacional dividida em duas partes: a primeira, equipada com pia, gavetas e fogão de indução térmica para aquecer materiais coletados; a outra com espaço para o transporte de material pesado, como a extratora de asfalto, gerador e ferramentas.
Operando desde 2019, o laboratório acompanha a execução de contratos de obras rodoviárias, municipais e estadual. Dentro da Diretoria de Licitações e Contratações, o laboratório passou a ser uma das divisões de atuação. Conta com um furgão equipado para coleta das amostras de camadas de asfalto e de solos — no revestimento asfáltico, é onde geralmente se encontram os serviços mais caros de uma obra de pavimentação. A equipe é formada por um coordenador, três auditores, dois técnicos e uma estagiária.
"Cada vez mais o Tribunal caminha para atuações preventivas, concomitantes e pedagógicas, e o laboratório está inserido nesse contexto a partir da fiscalização de obras ainda durante a fase de execução”, comenta o chefe de divisão do laboratório, Rodrigo Glória. Na avaliação dele, com a fiscalização de obras de infraestrutura de saneamento, abre-se uma nova frente de proteção ao erário.
Depois de recolhidas as amostras em campo, o material é enviado para a análise em equipamentos que ficam na sede do TCE/SC, em Florianópolis. Lá, os auditores e técnicos conseguem verificar, por exemplo, a espessura do revestimento, o teor de ligante asfáltico e o grau de compactação, além de ensaios de compressão (estabilidade). A avaliação desses e de outros pontos permite que o Tribunal aponte caminhos para a redução de custos da obra, redução do consumo de combustível e poluição a partir da garantia de que o asfalto utilizado está de acordo com normas de qualidade e consequente maior conforto e segurança para quem usa a via. A longo prazo, com correções feitas quando necessárias a partir de apontamentos do Tribunal, é possível reduzir o custo de manutenção, o risco de acidentes e o desperdício de dinheiro público.
Crédito da foto: Caio Cezar (Acom – TCE/SC)
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