“A literatura, por si só, não torna ninguém melhor, mas ela amplia nossa capacidade de entender o mundo”, enfatizou a escritora e primeira juíza-ouvidora do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávia Martins de Carvalho, aos participantes do encontro on-line promovido pelo Clube do Livro – Leituras Antirracistas, do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC), na tarde desta terça-feira (29/10).
Flávia de Carvalho explicou que a literatura simula experiências, mas que o cérebro não identifica se essa experiência foi adquirida após uma vivência real ou não. “Uma pessoa não vai conseguir sentir o que o outro sente apenas porque está lendo aquela história, mas vai conseguir entender”, ressaltou ela, que é uma mulher negra, o que torna ainda mais expressiva a sua nomeação para o cargo.
A juíza, que, até os 30 anos de idade, morou em Nova Iguaçu, município do Rio de Janeiro, contou um pouco da sua trajetória. Estudante de escola pública, ela ingressou na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) após quatro anos de tentativas e se formou em Comunicação Social.
Flávia de Carvalho falou da importância das políticas de cotas para estudante negros e de escolas públicas. Ela lembrou que, quando concluiu o ensino médio, o ingresso numa universidade pública era muito mais difícil para pessoas como ela, que enfrentam diversas dificuldades na educação básica, como a falta de professores em alguns disciplinas, por exemplo.
“O discurso da meritocracia atribui à pessoa todo o peso do êxito ou do fracasso. Ele justificava a minha não aprovação. Mas há vários outros fatores que contribuem para isso, como a raça, o gênero e a classe social”, enfatizou.
Aos 30, voltou à universidade, desta vez para estudar Direito na Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde depois também fez mestrado na área. Aos 44 anos, ingressou como juíza no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ/SP). Desde 2021 atua também como juíza auxiliar no STF e, há menos de um ano, foi nomeada para ser a primeira juíza-ouvidora do Supremo.
Em agosto, defendeu, pela Universidade de São Paulo (USP), sua tese de doutorado, “Jurisvivência”, que deve ser lançada em 2025. "Nunca sonhei em ser juíza. Quando você nasce preta e pobre, tem lugares que a cabeça de uma menina não alcança.” Como disse a dra. Flávia de Carvalho, esse é o poder da contação de história e dos relatos, por isso a importância da representatividade para crianças e jovens.
Livros de Flávia Martins de Carvalho:
- Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas – linguagens e ciência humanas, matemática e ciências da natureza
- Meninas Sonhadoras, Mulheres Cientistas – Sustentabilidade
- Biografia ilustrada de Lélia Gonzales
- Biografia ilustrada de Michelle Obama
Todas as obras foram publicadas pela Editora Mostarda.
O encontro com a escritora foi realizado para comemorar o primeiro ano do Clube do Livro – Leituras Antirracistas do TCE/SC, completado no dia 11 de outubro. O evento contou com a participação de 38 pessoas da instituição, por meio da plataforma Teams. A data escolhida para a conversa com Flávia de Carvalho, 29 de outubro, foi, justamente, o Dia Nacional do Livro.
Entre as leituras indicadas pela juíza, duas já foram temas de encontros do clube: Olhos d’água, de Conceição Evaristo, e Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus. Ela também citou a obra Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves. Todos esses três livros têm exemplares disponíveis na biblioteca do TCE/SC.
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