Os conselheiros José Carlos Pacheco e Salomão Ribas Junior, respectivamente, presidente do TCE e do Instituto Rui Barbosa – associação civil de estudos dos tribunais de contas – juntaram-se a cerca de 1.500 crianças e adolescentes e vestiram a camisa da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, no evento realizado na tarde de sexta-feira (27/03), no trapiche da Beira Mar Norte, em Florianópolis. Artistas globais, atletas de Avaí e Figueirense, autoridades, políticos e professores das escolas presentes engrossaram o coro de “não à corrupção”, repetido pelos estudantes. A mobilização pelo Dia Internacional de Combate à Corrupção foi organizada pelo Tribunal de Contas e o Ministério Público do Estado, em conjunto com a Controladoria-Geral da União e a Associação Catarinense do Ministério Público, com apoio de diversas entidades e empresas.
      “Ver tantas crianças reunidas nos dá motivação para combater esse mal”, disse o conselheiro Pacheco. Para o conselheiro Ribas Junior, é preciso mostrar às crianças que cumprir as leis e ter atitudes honestas traz benefícios para toda a sociedade. “Não se deve cumprir a lei só para fugir de uma punição”, declarou o presidente do IRB, destacando que a campanha tem como público-alvo, especialmente, crianças e adolescentes.
      A programação do evento teve a participação do coral Hélio Teixeira da Rosa, do Tribunal de Contas, e do personagem símbolo da campanha – o boneco Zé Moral –, a distribuição de camisetas e gibis, a manifestação dos convidados presentes e a apresentação de bandas locais. Também foram entregues as premiações do concurso de redação promovido pela Controladoria Geral da União (CGU), edição 2008, com o tema “O que você tem a ver com a corrupção?”, e escolhidos os melhores trabalhos das escolas participantes do concurso de faixas da campanha. “O evento de hoje é uma festa da cidadania”, celebrou o coordenador da campanha, o promotor de justiça de Santa Catarina Afonso Ghizzo Neto. “Sei que não vamos acabar com a corrupção, mas se começarmos a pensar no problema já vamos poder mudar alguma coisa”, completou.
      A redação da estudante Thais Cristine Klein, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Anna Töwe Nagel, de Jaraguá do Sul, foi premiada com o primeiro lugar na categoria nacional do 8° ao 9° ano. Para Thais, o combate à corrupção deve começar cedo. “Quando pequenos, às vezes não nos damos conta de alguns atos errados que cometemos”, falou. “Mais tarde, essas atitudes erradas vão aumentando”, concluiu.
      Para a professora Zandra Cruz de Lima, do Laboratório de Ciências da Escola Básica Municipal Antônio Paschoal Apóstolo, do bairro Rio Vermelho, na Capital, é só através da educação que se vai conseguir mudar alguns atos. “É mais fácil ensinar uma criança do que ter que educar uma pessoa que já tem vícios”, defendeu.
      Mas o ponto alto da mobilização foram as participações dos atores Milton Gonçalves e Rafael Almeida, da Rede Globo. Antes, porém, a platéia foi saudada pelo deputado corrupto Romildo Rosa, personagem que Milton interpretou na novela A Favorita. Ghizzo Neto tentava explicar à personagem que o dinheiro que ele roubava deixava de ser aplicado, por exemplo, nas escolas e nos hospitais. O “sim à corrupção”, dito por Romildo, foi abafado pelos gritos de “não, não, não à corrupção”, bradado pelos estudantes.
      O deputado Romildo saiu de cena e deu lugar ao ator Milton Gonçalves, que enfatizou a importância da participação da família na educação das crianças. “O fato de eu estar aqui hoje é uma homenagem à minha mãe, que, lá atrás, me passou conceitos de moral e ética.” O ator Rafael Almeida, que atuou nas novelas Malhação e Páginas da Vida, concordou com Milton. “Hoje, o maior patrimônio que eu tenho é a minha família.”

Participação do TCE
     O coral do TCE deu início à tarde de atrações com uma apresentação que valorizou a cultura do Estado. O repertório contemplou peças exclusivas de compositores catarinenses, com traços da identidade cultural da ilha de Santa Catarina como “Ilha”, do maestro e auditor aposentado do Tribunal, Altair Debona Castelan, além de “Cantigas do Boi de Mamão”, do folclore popular ilhéu em arranjo do maestro Carlos Lucas Besen.
     Um estande do TCE abriu espaço para a exposição e distribuição de publicações editadas pela Instituição, com o objetivo de estimular a cidadania e a participação da sociedade na fiscalização das contas públicas, oferecendo instrumentos para a atuação do controle social. Um exemplo é a série “Para onde vai o seu dinheiro” — versão simplificada do parecer prévio do Tribunal sobre as contas do Governo do Estado —, que explica, em linguagem acessível e objetiva, como foram gastos os recursos públicos pela administração estadual e qual é a opinião do TCE sobre a forma e o resultado dessas despesas.
     No estande do Tribunal, as pessoas que participaram da mobilização ainda puderam acompanhar a exibição de um vídeo institucional. A proposta foi mostrar o que é e para que serve o TCE, além da sua importância para garantir que o dinheiro que todo cidadão entrega aos governos da forma de impostos seja aplicado como manda a Lei e em favor das necessidades da sociedade.
     Marcado inicialmente para o dia 09/12 (Dia Internacional Contra a Corrupção), a mobilização foi transferida para o dia 27/03 em função das fortes chuvas que atingiram o Estado em novembro. Dentre as autoridades que participaram do ato estavam o procurador-geral de Justiça do Estado, Gercino Gerson Gomes Neto, o secretário de Estado da Educação, Paulo Roberto Bauer, representando o governador, Luiz Henrique da Silveira, o chefe de gabinete da prefeitura de Florianópolis, Adriano Zanotto, representando o prefeito Dário Berger, o arcebispo de Florianópolis, Dom Murilo Krieger, o secretário do TCU em Santa Catarina, João Manoel Dionísio, e o procurador do Ministério Público junto ao TCE, Aderson Flores.

Saiba Mais
     A parceria entre o MP/SC e o TCE/SC teve início em 2003, quando foi realizada a “1ª Mobilização Regional pela Transparência – Mais Justiça Social, Menos Corrupção”, em Chapecó. A programação, que culminou com uma passeata de estudantes em defesa da transparência e reuniu mais de 2 mil pessoas, teve a participação do então presidente do TCE/SC, Salomão Ribas Junior, e de outros representantes do Órgão.
De lá para cá, a campanha cresceu e se consolidou. De mobilização local, a iniciativa passou a ter âmbito estadual, com o lançamento oficial da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, em 2004, também na cidade de Chapecó. Em 2008, a campanha passou a ser nacional.
     A nacionalização do projeto é coordenada pelos promotores de Justiça de Santa Catarina Affonso Ghizzo Neto, coordenador geral da campanha, e Rui Carlos Kolb Schiefler, pelo presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, José Carlos Cosenzo, e pelo procurador de Justiça de São Paulo, João Francisco Moreira Viegas, indicado pelo Conselho Nacional de Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União. A iniciativa da nacionalização do projeto conta ainda com o apoio de entidades como a Rede Globo e o Instituto Rui Barbosa.